
Vice-governador diz torcer pelo governo Bolsonaro: ‘Temos que respeitar o voto’
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14 de maio de 2020O vice-governador e presidente do PP na Bahia, João Leão, afirmou nesta quinta-feira (14) que os brasileiros terão que “aguentar” o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), uma vez que o atual mandatário chegou ao Palácio do Planalto por vias democráticas.
“Bolsonaro não ganhou? Ganhou. O governo dele tá bom? As pesquisas dizem que não. Então, nós vamos ter que conviver com ele. Nos temos que respeitar o direito do voto dos brasileiros. Ele teve voto? Agora nos vamos ter que respeitar e ter que aguentar”, disse Leão, entrevistado durante uma live do bahia.ba no Instagram.
“Eu torço para que o governo Bolsonaro dê certo. Eu não sou daqueles que quanto pior, melhor. Essa é a minha maneira de ser”, emendou o vice-governador, que também não vê caminho para um processo de impeachment do chefe do Executivo federal.
Mas faz ressalvas: “Na reeleição, não é possível que o povo brasileiro queira caminhar com um negócio desse”.
A avaliação de Leão sobre Bolsonaro foi feita quando ele rechaçava os recentes desgastes diplomáticos com a China, principal parceiro comercial do Brasil, que passou a ser alvo de reiterados ataques do governo e seu entorno.
“Não podemos brigar com a China. Não tem sentido. Não temos que nos imiscuir na política de países outros. Temos que cuidar da nossa. Queremos aqui uma democracia, e não ditadura. Quero ter o direito de votar pra presidente”, declarou o vice-governador, que, como secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, lidera as tratativas com empresários chineses para a construção da ponte Salvador-Itaparica.
Promessa que segue no papel desde 2009, na longínqua gestão Jaques Wagner (PT), a obra, diz Leão, já está “engatilhada”. “A coisa vai acontecer”, assegura, sem arriscar um prazo para o início da construção do megaempreendimento.
Ainda sobre o antigo colega de Câmara dos Deputados, Leão faz um diagnóstico acerca do perfil do ex-parlamentar.
“Bolsonaro adora uma briga. Ele adora cutucar os outros para ter uma resposta e poder brigar. Ele acha que a briga deve dar ibope a ele para ter votos. E deu té certo, né? Porque ele hoje é o presidente da República”, ri.
Para Leão, Bolsonaro deveria se “acalmar” principalmente diante do momento difícil por que passa o país, um dos mais afetados no mundo pela pandemia do coronavírus. E a primeira atitude para tanto, diz o vice-governador, começaria pelos três filhos políticos –Carlos, Flávio e Eduardo.
“Se você pegar os três celulares dos três filhos de Bolsonaro e jogasse num balde de água, o Brasil seria outro”, prevê.
‘Não quero o PP no governo Bolsonaro’
A respeito da aproximação de partidos do centrão com o governo Bolsonaro, João Leão lamenta a possibilidade de quadros do PP figurarem entre deputados que negociam cargos com o Planalto, numa estratégia anti-impeachment empreendida pelo atual mandatário.
“O PP tá e não tá. Você conversa com os companheiros, e os companheiros dizem quem não estão. Vai e conversa com outros, dizem que não estão. Então é uma questão difícil. Se eu fosse líder da bancada, eu não entraria nessa história com Bolsonaro. Eu não gostaria de ver o carimbo do Partido Progressista no governo”, pontua.
Ao criticar o “toma lá, dá cá” demonizado por Bolsonaro durante a campanha de 2018, Leão lembra que o Democratas, embora negue dar sustentação ao governo, ocupa atual dois ministérios –o da Agricultura, com Tereza Cristina (Agricultura), e o da Cidadania, sob o guarda-chuva de Onyz Lorenzoni.
“No entanto, meu companheiro, meu amigo ACM Neto, diz que não tem nada a ver com o governo de Bolsonaro e tal, que é uma escolha pessoal”, diz, ao mencionar o prefeito de Salvador e presidente nacional da sigla.
Candidatura própria à prefeitura
Ao discorrer sobre as eleições municipais, João Leão afirma que o deputado estadual Niltinho (PP) segue com pré-candidato à prefeitura da capital baiana. “A candidatura de Niltinho está mantida. A não ser que ele não queira”, diz.
Segunda legenda com mais prefeituras hoje no estado, atrás apenas do PSD, o PP, a propósito, quer continuar a crescer, planeja o vice-governador. “Devemos estar hoje com noventa e tantos prefeitos no estado da Bahia inteiro. Uma hora a gente passa a ser primeiro, outra hora, o PSD”, contabiliza.
Embora considere a major Denice Santiago uma figura “espetacular”, Leão diz que o seu partido não deverá abrir mão de uma postulação própria para apoiar a ex-comandante da Ronda Maria da Penha —ungida pelo governador Rui Costa par ser o nome petista na disputa.
“Minha ideia, nesse primeiro momento, é que cada partido saia com o seu candidato. O importante agora é cada um correr na sua raia e demonstrar força, disposição, vontade.”
“Teve uma época em que ela [Denice] estava querendo vir par o PP, e eu querendo que ela viesse. No final, Rui me deu uma rasteira e pegou major Denice”, brincou Leão.