
UMA NOVA FORÇA NO CAMPO: MEMBROS DO MST PERCEBEM NECESSIDADE DE RENOVAÇÃO POLÍTICA
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15 de abril de 2025
Foto: Cristiano Mariz
Lideranças do movimento avaliam que é hora de somar vozes no Congresso e na Bahia
Durante apurações realizadas por nossa reportagem com diversos membros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), emergiu uma percepção recorrente: há um sentimento crescente de que o movimento precisa de uma nova liderança política que possa somar forças à atuação já existente no Congresso Nacional e no cenário estadual da Bahia.
Segundo relatos colhidos em conversas com integrantes da base, essa reflexão não representa uma ruptura, mas sim uma leitura crítica e estratégica sobre os desafios atuais da política brasileira. O nome do deputado federal Valmir Assunção (PT-BA) ainda é respeitado e reconhecido como o mais forte elo entre o MST e a política institucional, mas muitos observam que sua capacidade de mobilização e articulação nacional estaria enfraquecida diante do novo cenário político.
— Valmir tem uma história que ninguém apaga, mas hoje o movimento precisa de mais força política. Precisamos de novas vozes para que nossas pautas ganhem fôlego no meio de tantas outras prioridades que dominam o Congresso, afirmou um militante do movimento, que pediu anonimato.
A análise de membros do MST aponta que o campo progressista vive um momento de disputa por espaço e narrativa, o que exige uma atuação mais ampliada dentro das estruturas institucionais. Temas como a reforma agrária, apoio à agricultura familiar, educação no campo, direitos sociais e resistência ao avanço de pautas conservadoras seguem sendo centrais, mas muitos temem que a ausência de novas lideranças no debate nacional acabe por enfraquecer a visibilidade dessas demandas.
Os relatos indicam que essa percepção ainda é interna, não formalizada, mas tem ganhado força nas reuniões e conversas entre militantes de diferentes regiões, principalmente na Bahia. O movimento, ao que tudo indica, começa a se debruçar sobre a necessidade de uma renovação geracional e discursiva, que mantenha o MST como protagonista na cena política e social brasileira.
A construção de novas lideranças não excluiria nomes históricos, mas teria como missão rejuvenescer o projeto político e ampliar a representatividade do movimento, garantindo que as pautas do campo continuem ecoando com força nos espaços de decisão.
Nos próximos meses, os desdobramentos dessa inquietação interna poderão indicar novos rumos e articulações políticas, especialmente com a aproximação do calendário eleitoral. O que se observa, por ora, é que há um desejo latente de fortalecer a presença do MST nos espaços institucionais com novas figuras, novos discursos e novos caminhos.