TV Santa Cruz demite repórteres em decisão polêmica que ecoa filosofia de “Vale Tudo”

Taísa Moura e Kátia Petersen deixam a emissora após mais de uma década de serviço à população do sul da Bahia

Por Sammy Chagas

A TV Santa Cruz, afiliada da Rede Bahia, surpreendeu telespectadores e o meio jornalístico nesta segunda-feira (1º), ao demitir as repórteres Taísa Moura e Kátia Petersen — profissionais com trajetória respeitada, que há mais de uma década informavam, emocionavam e traduziam a realidade da região com precisão e sensibilidade.

A decisão foi anunciada como parte de uma “reformulação interna”, mas sem justificativas detalhadas. Internamente, a chefia de redação da emissora reconheceu a expressiva contribuição das jornalistas, que participaram de coberturas históricas e de destaque regional. Ainda assim, a dispensa foi feita de forma seca, sem espaço para o público opinar ou sequer tomar conhecimento prévio.

A coincidência da demissão ter ocorrido justamente no dia 1º de abril — o Dia da Mentira — não passou despercebida pela repórter Taísa Moura, que comentou em suas redes sociais com ironia e desabafo. A saída abrupta gerou indignação entre colegas de imprensa, lideranças locais e telespectadores fiéis, que lamentaram a perda de dois dos rostos mais confiáveis do jornalismo televisivo da região.

A emissora, ao que parece, seguiu à risca o enredo da novela que acaba de estrear novamente na TV Globo: Vale Tudo. O título da trama, originalmente exibida em 1988, questiona os limites da ética, da ambição e da justiça. E hoje, parece simbolizar perfeitamente a lógica que pautou essa escolha empresarial.

Claro, ninguém é insubstituível. Mas há trajetórias que não se apagam com um simples “corte de elenco”. Taísa e Kátia não encerram um ciclo apenas na TV Santa Cruz; elas permanecem no afeto da população, no reconhecimento dos colegas e na memória de quem, todos os dias, ligava a televisão para ver jornalismo de verdade.

Aos que choram a ausência das repórteres, um aviso sincero: desliguem suas televisões. Pelo menos hoje. Porque se tudo isso é mesmo por audiência, cortes de orçamento ou frieza corporativa… então, sim — vale tudo.

Obrigado, Taísa Moura e Kátia Petersen. Vocês saem da tela, mas não da história.