STF DERRUBA VOTAÇÕES POLÍTICAS: CÂMARAS NÃO PODEM MAIS REJEITAR CONTAS APROVADAS PELOS TRIBUNAIS DE CONTAS

-
17 de junho de 2025
Share:

Uma decisão histórica do Supremo Tribunal Federal (STF), proferida na primeira semana de junho de 2025, está mudando para sempre o julgamento de contas públicas no Brasil. A Corte decidiu, com repercussão geral, que as Câmaras Municipais estão proibidas de contrariar os pareceres técnicos dos Tribunais de Contas. A partir de agora, o que os tribunais decidirem sobre as contas de gestão será definitivo — sem espaço para manobras políticas locais.

O caso foi analisado no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 849, e teve como relator o ministro Gilmar Mendes, que destacou que a Constituição não dá poderes às Câmaras para rever tecnicamente as decisões dos tribunais especializados. Com isso, os pareceres dos Tribunais de Contas passam a ser vinculantes, ou seja, obrigatórios, e não mais apenas opinativos como era antes.

Até essa decisão, as Câmaras podiam — e muitas vezes faziam — o contrário do que os tribunais apontavam. Se o Tribunal de Contas aprovasse as contas de um prefeito, os vereadores podiam rejeitá-las por motivos políticos. Da mesma forma, contas rejeitadas tecnicamente podiam ser aprovadas pela Câmara com base em acordos políticos, protegendo prefeitos aliados. Isso agora está proibido.

O Supremo entendeu que esse modelo antigo abria brechas graves para perseguições políticas e para blindagens indevidas, o que compromete a imparcialidade da fiscalização pública. Com a decisão, as contas de gestão dos prefeitos — que envolvem diretamente a execução orçamentária e o uso do dinheiro público — serão julgadas exclusivamente pelos Tribunais de Contas, e suas conclusões não poderão mais ser modificadas.

A decisão já está valendo e alcança todos os municípios do Brasil. A Câmara Municipal continua com seu papel de fiscalização e análise das contas de governo, mas perde a autoridade para interferir no julgamento técnico das contas de gestão, que são as que geram inelegibilidade, sanções e responsabilização dos gestores.

A medida foi celebrada por juristas e especialistas em direito público, que consideram o posicionamento do STF um avanço para a moralidade administrativa, a segurança jurídica e o fortalecimento dos órgãos de controle. Agora, prefeitos, vereadores e cidadãos terão que lidar com uma nova realidade: não há mais espaço para jogo político na hora de julgar contas públicas. Vale o parecer técnico — e ponto final.

Compartilhar: