
SOZINHO, SEM RUMO E TRAÍDO: A SOLIDÃO POLÍTICA DE ACM NETO NA BAHIA
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26 de junho de 2025
Foto Silvia Costanti
Ex-prefeito amarga o distanciamento de suas antigas lideranças e desperta tarde demais para o xadrez eleitoral de 2026
A cada publicação nas redes sociais, ACM Neto parece buscar desesperadamente um novo rumo, uma nova voz, um novo abraço político — mesmo que de antigos adversários. O ex-prefeito de Salvador, outrora considerado o grande nome da oposição na Bahia, hoje caminha sozinho, sem rumo e traído por figuras que outrora juraram lealdade ao seu projeto político. O jogo virou, e Neto, que já foi o maestro da orquestra, agora toca sozinho em um palco esvaziado.
Por mais que grande parte dessas lideranças ainda não tenham declarado apoio formal ao governador Jerônimo Rodrigues (PT), o que salta aos olhos é a ausência de engajamento no projeto de Neto — sobretudo no discurso oposicionista e agressivo contra o governo estadual, que ele insiste em adotar como estratégia. As lideranças do interior, ao que tudo indica, não querem mais alimentar esse conflito. Estão em silêncio, mas o silêncio fala alto.
Conversando com uma antiga liderança ligada a ACM Neto, hoje claramente distante, ouvimos a frase que resume o sentimento de muitos:
“Ele está provando do próprio veneno. Passou os últimos anos ignorando ligações, desmarcando audiências, tratando aliados como descartáveis. Agora, essas mesmas lideranças escolhem não acolhê-lo de volta.”
ACM Neto, ao que tudo indica, esqueceu que a Bahia não se resume à capital. O Estado tem 417 municípios, com realidades, interesses e eleitores diversos. Enquanto ele se manteve adormecido politicamente na região metropolitana de Salvador, o governo Jerônimo foi consolidando presença no interior com ações, obras e, principalmente, diálogo com as bases.
A cada tentativa de reaproximação, Neto parece tropeçar em sua própria arrogância passada. Tenta abraçar lideranças que foram rivais diretas de seus antigos aliados, o que gera constrangimento e coloca sua futura campanha para governador em xeque. Afinal, em muitos municípios, não existem apenas eleitores de ACM Neto, mas eleitores das lideranças que ele abandonou.
O cenário atual lembra, como bem descreveu outro ex-aliado nos bastidores, uma mulher traída:
“Ele se comporta como aquela mulher que foi ignorada durante anos pelo marido. Não recebeu carinho, nem atenção, nem respeito. E agora que saiu de casa e encontrou outro colo, o marido quer ela de volta. Só que é tarde demais.”
No xadrez político baiano, ACM Neto erra o tempo e os movimentos. E quem acorda tarde na política, costuma perder o bonde — ou ser deixado na estrada, sozinho, sem rumo… e traído por si mesmo.