
Se o rio secar, quem terá coragem de culpar a própria consciência?
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30 de março de 2025Teixeira de Freitas enfrenta dias de escassez, e a Campanha da Fraternidade 2025 propõe reflexão sobre a responsabilidade de cada um na preservação da criação de Deus
Nos últimos dias, Teixeira de Freitas tem enfrentado um problema grave: a escassez no fornecimento de água. A população, revoltada, tem direcionado críticas à Embasa — Empresa Baiana de Águas e Saneamento — por supostamente não oferecer estrutura suficiente para atender a crescente demanda da cidade. Mas, diante dessa situação, surge uma pergunta inquietante: e se o rio secar? A culpa será apenas da Embasa?
A Campanha da Fraternidade 2025, com o tema “Fraternidade e Ecologia Integral: Cuidar da Criação é Cuidar da Vida”, nos convida a refletir sobre a nossa relação com o meio ambiente e, principalmente, com a água — elemento essencial à vida e símbolo da graça divina. A campanha nos lembra que toda a criação é obra de Deus e que a preservação do planeta também é um ato de fé e amor ao próximo.
Muitos criticam a Igreja por se pronunciar sobre questões ambientais, alegando que sua missão é cuidar apenas das almas. No entanto, a fé cristã reconhece que o corpo e o espírito caminham juntos. Como evangelizar com fome? Como louvar sem água para beber, plantar ou se banhar? Cuidar da casa comum é, também, cuidar da dignidade humana.
Se o rio secar, o que acontecerá com a agricultura, que garante sustento e alimento? Quem saciará a sede das famílias? Como manteremos a higiene básica? São perguntas que precisam ser respondidas não com discursos, mas com ações. A responsabilidade vai além de órgãos públicos ou concessionárias. Cada cidadão tem um papel importante na proteção das nascentes, dos córregos e dos rios que abastecem nossa cidade.
A devastação de áreas verdes, o descarte irregular de lixo, o uso irresponsável da água, a ocupação desordenada de margens de rios e nascentes — tudo isso contribui para o colapso hídrico que já bate à nossa porta.
Neste tempo quaresmal, tempo de conversão e de retorno ao essencial, que cada um possa olhar para dentro de si e se perguntar: que tipo de mundo estou deixando para os que virão? A natureza clama por socorro, e talvez ainda haja tempo de ouvi-la.
Porque, se o rio secar, a culpa pode não estar longe de nós.