
SALVADOR CELEBRA SUA HISTÓRIA: BERÇO DO BRASIL, CAPITAL DA CULTURA E DA RESISTÊNCIA
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31 de março de 2025Fundada em 29 de março de 1549, a primeira capital do Brasil comemora mais um ano repleta de história, lutas e conquistas que moldaram o país.
Salvador, a primeira capital do Brasil, completa neste 29 de março mais um ano de existência, reafirmando sua importância histórica, cultural e política para o país. Fundada pelo governador-geral Tomé de Sousa, em 1549, a cidade é símbolo da miscigenação, da resistência negra, da musicalidade afro-brasileira e da riqueza arquitetônica e religiosa.
A ORIGEM DO NOME SALVADOR
O nome da cidade foi dado em homenagem ao Senhor Jesus do Salvador, refletindo a forte influência religiosa da época da colonização portuguesa. O nome completo no ato da fundação era Cidade do Salvador da Bahia de Todos os Santos, por estar situada na Baía de Todos-os-Santos, descoberta em 1501 por navegadores portugueses.
O BERÇO DO BRASIL COLONIAL
Salvador foi a primeira capital do Brasil, status que manteve por mais de dois séculos, entre 1549 e 1763. Seu porto estratégico e sua posição geográfica privilegiada fizeram da cidade o principal centro político, administrativo e econômico da colônia. Ali, consolidou-se o sistema escravocrata, com a chegada de milhares de africanos trazidos à força, o que moldaria profundamente a identidade da cidade e sua cultura afrodescendente.
MARCOS HISTÓRICOS E PATRIMÔNIO
- Fundação em 1549: Tomé de Sousa desembarca com mais de mil pessoas, entre colonos, soldados, religiosos e escravizados.
- Pelourinho e Centro Histórico: Com igrejas barrocas, casarões coloniais e ruas de pedra, a área é tombada como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO desde 1985.
- Revoltas e resistência: Revolta dos Alfaiates (1798), Sabinada (1837) e lutas pela Independência da Bahia, vencida em 2 de julho de 1823.
- Modernização urbana: Chegada da energia elétrica (1900) e do bonde elétrico revolucionam a mobilidade da cidade.
- Educação e cultura: Criação da Universidade Federal da Bahia (UFBA) em 1946, referência nacional em arte e conhecimento.
SALVADOR É TERRA DE AXÉ, FÉ E FESTA
Capital da diversidade cultural e espiritual, Salvador é onde o sincretismo se manifesta com força: o candomblé convive com o catolicismo, o axé com o samba-reggae. As festas do Senhor do Bonfim, da Lavagem do Bonfim, o Carnaval de rua, as oferendas a Iemanjá, entre outras manifestações, tornam a cidade um espetáculo vivo.
A gastronomia é um marco: acarajé, abará, moqueca, vatapá e caruru são mais que alimentos — são símbolos de ancestralidade.
UM CONTO DE SALVADOR: O VENTO DE XANGÔ E O ACARAJÉ DE IANSÃ
Reza a lenda nos terreiros e ladeiras de Salvador que Iansã, a orixá dos ventos e das tempestades, apaixonou-se por Xangô, senhor do trovão. Para conquistá-lo, Iansã preparou um bolinho especial com feijão-fradinho, cebola, sal e dendê: nascia ali o acarajé. Dizem que o perfume do acarajé atraiu Xangô, que logo caiu de amores por ela.
Desde então, o vento que sopra em Salvador carrega o cheiro do dendê e o calor dos orixás. As baianas, com seus trajes brancos e colares coloridos, mantêm viva essa tradição nas esquinas da cidade, vendendo o acarajé como se fosse um presente de Iansã para o povo.
É por isso que, quando o vento sopra forte no fim de tarde e o tambor ecoa longe, muitos dizem: “É Iansã dançando no Dique com Xangô batendo palma no céu.”
SALVADOR, CAPITAL DO NORDESTE E CORAÇÃO DO BRASIL NEGRO
Com mais de 2,8 milhões de habitantes, Salvador é a cidade mais populosa do Nordeste e a quarta maior do país. Seu legado afro-brasileiro é a base da sua cultura vibrante, sua arte, sua música e sua religiosidade.
É a terra de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Ivete Sangalo, Lázaro Ramos, Mãe Stella de Oxóssi, entre outros nomes que levaram a alma baiana ao mundo.
UMA CIDADE QUE RESISTE E ENCANTA
Mesmo diante dos desafios sociais, Salvador segue como símbolo de resistência, inovação e acolhimento. É uma cidade de contrastes que encanta pelas cores, pela musicalidade, pelo calor humano e pelo orgulho de sua história.
Neste aniversário, Salvador reafirma seu papel como guardião da memória nacional, celeiro de talentos e território sagrado da cultura brasileira.