PSL decide expulsar deputado Alexandre Frota após críticas a Bolsonaro
Sammy Chagas
13 de agosto de 2019O PSL decidiu em reunião nesta terça-feira (13) expulsar o deputado Alexandre Frota (SP) da legenda. Eleito na onda do bolsonarismo para o primeiro mandato, com 156 mil votos, Frota não tem poupado críticas ao presidente Jair Bolsonaro.
“A decisão foi pela desfiliação do deputado”, afirmou o presidente da legenda, Luciano Bivar (PE). Segundo ele, Frota foi enquadrado em artigo do regimento que fala sobre desalinhamento partidário.
A Folha tentou contato com Frota, mas não conseguiu localizá-lo.
Segundo Bivar, a expulsão está relacionada às declarações do deputado sobre o presidente Bolsonaro e sobre seus correligionários, e não a seu voto na reforma da Previdência.
No segundo turno da votação, na Câmara, ele foi o único deputado do partido que se absteve de votar. De acordo com a cúpula do PSL, a decisão pela expulsão foi unânime dentre os presentes na reunião.
“Foi um sentimento da executiva nacional do partido, de que não foi a primeira vez que ele vem se comportando dessa forma apesar de já termos conversado com ele”, disse.
Bivar afirmou que Bolsonaro não foi consultado antes da expulsão do parlamentar.
Foram 9 votos pela expulsão do deputado (dos 9 presentes, de um total de 14 membros da executiva nacional). A representação foi feita pelo próprio Bivar.
O artigo do estatuto partidário utilizado para fundamentar a desfiliação diz que “ocorre a expulsão por inobservância dos princípios programáticos, infração grave às disposições de lei e do estatuto, infidelidade partidária ou qualquer outra em que se reconheça extrema gravidade”.
Antes, o deputado teve um prazo de cinco dias para se defender. De acordo com Bivar, a defesa apresentada por Frota se baseou no direito à liberdade de expressão.
O PSL afirma que a decisão e a ata da reunião serão protocolados nesta quarta-feira (14) na Câmara e também no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Segundo o líder da bancada na Câmara, Delegado Waldir (GO), que fez parte do colegiado que determinou a saída, a desfiliação ainda não foi efetivada.
A situação de Frota no partido se complicou nos últimos meses, e o deputado foi retirado da vice-liderança do partido na Câmara e da comissão da reforma tributária.
Em maio, Frota criticou o filho do presidente, o também deputado federal Eduardo Bolsonaro, e questionou seu posto como presidente estadual do partido. Ele chegou a dizer que “colocaria fogo” no partido.
O deputado depois criticou a indicação de Eduardo para o posto de embaixador do Brasil nos Estados Unidos.
Ele chegou a ser o coordenador do PSL na comissão especial da Previdência e se consolidou como um dos principais articuladores do partido na questão, o que levou a uma aproximação sua com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Expulso, Frota não poderá ser acusado de infidelidade partidária e pode buscar outra legenda. Segundo informou a coluna Painel, duas novas casas possíveis são o PSDB e o DEM.