O ABSURDO ARMAMENTO NAS MÃOS DOS QUE DEVERIAM EMPUNHAR FLECHAS

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03 de julho de 2025
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O que explicaria a cena estarrecedora de indígenas armados até os dentes, com pistolas, carregadores alongados e munição capaz de sustentar horas de tiroteio? Onde foi parar a cultura ancestral do arco e da flecha? O que levou a troca do bastão sagrado pela arma que espalha morte e terror?

As respostas são tão alarmantes quanto as próprias apreensões. O episódio ocorrido no sul da Bahia não é isolado: é sintoma de um cenário onde facções criminosas, traficantes de armas e interesses escusos infiltram-se nas terras indígenas, transformando-as em terreno fértil para o crime organizado.


QUEM ARMA OS ÍNDIOS?

Esta é a pergunta que o Estado brasileiro não pode mais ignorar. Quem fornece armas proibidas e de uso restrito, como pistolas 9 mm e .380 com numeração raspada? Quem abastece essas comunidades com munição de grosso calibre (.44, 5.56, 12, .22) em quantidades tão absurdas?

Relatórios da própria Polícia Federal e do Ministério Público Federal já indicam que o tráfico de armas e drogas se aproveita das fragilidades institucionais em terras indígenas. Mas onde estão os fornecedores? Quais rotas do crime abastecem essas áreas? Que interesses econômicos e políticos lucram com a escalada da violência?

O arsenal apreendido no veículo Hilux onde estava o cacique Suruí aponta para muito mais do que defesa territorial: revela uma estrutura de fornecimento profissional, típica de redes criminosas. Não se compra pistolas raspadas e carregadores estendidos em qualquer esquina.


UM CONFLITO QUE FOGE AO CONTROLE

O extremo sul da Bahia virou palco de guerra. O que antes era luta por terra e direito virou terreno de milícias rurais, crime organizado e, agora, indígenas armados de forma ilegal. A fronteira entre legítima defesa e cooptação pelo crime se dilui.

Enquanto isso, o poder público assiste a tudo entre operações pontuais e discursos vazios. As comunidades tradicionais ficam à mercê de quem tem mais poder de fogo. A troca da flecha pela arma é o símbolo de uma tragédia anunciada.


O QUE O ESTADO VAI FAZER?

Chegou a hora de parar de tapar o sol com a peneira. A sociedade exige respostas:
➡ Quem fornece as armas?
➡ Que facções estão por trás desses arsenais?
➡ O que faz a Funai além de notas de repúdio?
➡ Onde estão as investigações profundas e duradouras da PF e do MPF?

Os povos originários merecem políticas públicas que garantam sua segurança, cultura e dignidade — não um cenário em que se veem obrigados ou seduzidos a se armar como bandos paramilitares.

Se nada for feito, o próximo confronto poderá custar vidas de inocentes, de ambos os lados.

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