
MORTE DO PAPA FRANCISCO MARCA FIM DE UM CICLO INÉDITO NA DIOCESE DE TEIXEIRA DE FREITAS–CARAVELAS
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21 de abril de 2025Episcopado local é o único no Brasil com quatro bispos nomeados por quatro papas diferentes
A morte do Papa Francisco encerra um ciclo histórico e singular na Diocese de Teixeira de Freitas–Caravelas, no extremo sul da Bahia. Pela primeira vez em mais de 60 anos de história, a diocese se encontra novamente à espera de um novo bispo, e a expectativa se une ao pesar pela perda do pontífice que nomeou o último pastor da região. O ineditismo dessa diocese se sustenta em um dado raro na Igreja Católica no Brasil: nenhum dos quatro bispos anteriores foi nomeado pelo mesmo papa.
Criada em 1962 pela Bula Omnium Ecclesiarum do Papa João XXIII, a então Diocese de Caravelas teve como primeiro bispo Dom Filipe Tiago Broers, nomeado pessoalmente por João XXIII em 1963. Com a transferência da sede episcopal para Teixeira de Freitas, a diocese recebeu seu segundo bispo, Dom Antônio Eliseu Zuqueto, nomeado em 1983 por João Paulo II, o pontífice que conduziu a Igreja por mais de 25 anos.
Seguindo a linha de sucessão, o terceiro bispo, Dom Carlos Alberto dos Santos, foi escolhido em 2005 pelo Papa Bento XVI. Já o quarto bispo, Dom Jailton de Oliveira Lino, foi nomeado pelo Papa Francisco, em dezembro de 2017, assumindo a missão no início de 2018. Agora, com o falecimento do Papa Francisco, caberá ao novo papa — ainda a ser eleito — indicar o quinto bispo, completando esse ciclo raro de sucessões episcopais sob diferentes pontificados.
A morte do Papa Francisco e o legado de Dom Jailton
A nomeação de Dom Jailton por Francisco foi uma resposta ao apelo de uma Igreja mais próxima, sinodal e missionária. Religioso da Congregação dos Pobres Servos da Divina Providência, Dom Jailton foi reconhecido por sua espiritualidade acessível, suas visitas frequentes às comunidades e seu engajamento pastoral com os mais pobres.
Sua trajetória como bispo de Teixeira de Freitas–Caravelas se encerrou em 2025, quando foi transferido para a Diocese de Itabuna, onde já atuava como administrador apostólico desde 2024, sucedendo Dom Carlos Alberto. A nomeação de Dom Jailton para Itabuna foi a última decisão papal de Francisco relacionada à diocese, simbolizando o fechamento de um ciclo que uniu a região ao pontificado do papa argentino.
Um episcopado moldado por diferentes pontificados
O fato de que cada bispo da Diocese de Teixeira de Freitas–Caravelas foi escolhido por um papa diferente não é apenas uma curiosidade estatística. Esse dado revela uma Igreja local que caminhou conforme os ritmos e estilos de quatro pontificados distintos: o conciliar de João XXIII, o missionário de João Paulo II, o teológico de Bento XVI e o pastoral de Francisco.
Esse mosaico de lideranças deixa marcas profundas na identidade e na missão da diocese, moldando um clero atento aos sinais dos tempos, mas enraizado na tradição. Agora, com a vacância da Sé e do Trono de Pedro, a Igreja local vive em oração e expectativa, aguardando o próximo nome a ser anunciado pelo futuro Papa.
O episcopado da Diocese de Teixeira de Freitas–Caravelas, em sua singularidade, representa um microcosmo da própria Igreja Católica: plural, dinâmica e sempre aberta à ação do Espírito Santo que sopra onde quer — inclusive na escolha de seus pastores.