Mais de 160 mil pessoas vivem em moradias improvisadas nas ruas, aponta Censo 2022

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06 de setembro de 2024
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Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Mais de 160 mil pessoas viviam em barracas, estabelecimentos, veículos e barracos de tapume nas ruas do Brasil em 2022, é o que apontam dados que integram um novo conjunto de informações do Censo Demográfico 2022 divulgado nesta sexta-feira (6) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com a caracterização dos domicílios coletivos, particulares improvisados e de uso ocasional ou vagos.

Segundo matéria da Folha de São Paulo, grande parte deste tipo de moradia é feito de forma improvisada utilizando objetos como lona, plástico ou tecido. 57 mil pessoas residiam em locais com estas características. O total de pessoas vivendo em domicílios improvisados caiu 43% na comparação com o recenseamento de 2010, que registrou 282.692 nessa situação. Ainda, dois em cada dez moradores de estruturas improvisadas em vias públicas eram crianças de até nove anos.

Para além de tendas, os tipos de domicílio particular com mais pessoas eram estabelecimentos em funcionamento, como depósitos ou galpões (43.368), outros —abrigos naturais e outras estruturas improvisadas (26.776)—, estruturas não residenciais permanentes degradadas ou inacabadas (17.268), aquelas em logradouros públicos (14.598) e veículos (1.875). Considerando números de todo o país, o tipo de moradia improvisada com a maior parte de crianças de 0 a 9 anos era o das estruturas em vias públicas (20,5%).

Entre os residentes de tendas ou barracas de lona, plástico ou tecido com 15 anos ou mais, 22,3% eram analfabetos, sendo que a taxa para toda a população está em 7%. Já entre os residentes da estrutura improvisada em vias públicas, a taxa chegava a 16%. A situação se aplica a todos os que moram em algum tipo de estrutura improvisada, segundo o IBGE.

A diferença nos perfis de tipo de moradia improvisada e das pessoas que estão na rua requer programas de moradia mais diversos, é o que aponta a advogada Laura Salatino, doutoranda em administração pública e governo (FGV) e pesquisadora da Fiocruz.

“A pessoa ganha um salário-mínimo, trabalha no centro mas não pode pagar aluguel, pode ser uma questão de saúde mental sem suporte, que vai parar na rua, ou mulheres vítimas de violência doméstica. Precisamos de diversidade de propostas.”

Entre as opções, diz a especialista, estão o aumento de programas de locação social para pessoas em situação de rua e mudanças no modelo. “É possível alugar diferentes imóveis para não criar guetos pela cidade e diversificar o vínculo, que gera mobilidade social ascendente.”

Outros grupos

Outras 837 mil pessoas residiam em domicílios coletivos, com a maior taxa sendo registrada entre residentes de abrigos, casas de passagem ou república assistencial para outros grupos vulneráveis, com 31,8%, seguida pela de asilos (31,8%).

Além da população nas penitenciárias, metade do total, considerando presos com sentença ou mais de 12 meses encarcerados e dormindo na prisão, havia também 160,1 mil moradores em asilos, 46,3 mil em hotéis e pensões e 30,1 mil em alojamentos, entre outros. Outras 11.295 residiam em abrigos e albergues destinados a pessoas em situação de rua.

O número de domicílios não ocupados chegaram a 18 milhões em todo o país, a maioria casas (13,8 milhões) e apartamentos (3,2 milhões), sendo 63% vagos e o restante ocupado ocasionalmente, como em temporada de férias.

Estados

No recorte referente aos estados, São Paulo aparece com a maior quantidade de residentes em domicílios improvisados em todas as categorias, com exceção das pessoas que moram em veículos, com maioria no Amazonas.

Segundo o IBGE, a concentração em SP é mais expressiva nas categorias de estrutura improvisada em logradouro público (46,5%), com 6.790 pessoas, e estrutura não residencial permanente degradada ou inacabada (40,3%), com 6.967.

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