Governo americano mira fim do programa Mais Médicos com novas sanções
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14 de agosto de 2025
Brasília, 14 de agosto de 2025 – O governo dos Estados Unidos deu mais um passo contra o programa Mais Médicos, criado para levar atendimento básico a regiões carentes do Brasil. Em uma nova ofensiva diplomática, a Casa Branca cancelou os vistos de autoridades brasileiras diretamente ligadas à execução do projeto, medida que, segundo analistas, indica uma tentativa clara de enfraquecer e até provocar o encerramento da iniciativa.
O anúncio foi feito pelo secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, que classificou o programa como um “esquema de exploração” envolvendo o regime cubano. Entre os alvos das sanções estão Mozart Júlio Tabosa Sales, secretário de Atenção Especializada à Saúde, e Alberto Kleiman, ex-assessor de Relações Internacionais do Ministério da Saúde e atual coordenador-geral da COP30, além de familiares.
De acordo com o Departamento de Estado, o Mais Médicos teria sido usado para intermediar, via Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a contratação de médicos cubanos, permitindo que parte dos salários fosse retida pelo governo de Cuba. Rubio afirmou que a medida busca responsabilizar os envolvidos e impedir que “profissionais estrangeiros sejam explorados em solo brasileiro”.
Criado em 2013 no governo Dilma Rousseff e retomado em 2023 pelo presidente Lula, o Mais Médicos atualmente conta com milhares de profissionais espalhados pelo país, inclusive em áreas remotas e comunidades indígenas. O programa voltou a crescer nos últimos dois anos, com a inclusão de outros profissionais da saúde, como dentistas e enfermeiros.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, reagiu com dureza, afirmando que “a saúde do povo brasileiro não será refém de interesses estrangeiros” e garantindo que o Mais Médicos continuará. “Este programa é vital para milhões de brasileiros que não têm acesso a médicos em suas cidades”, disse.
As novas sanções se somam a outras medidas recentes dos EUA contra o Brasil, como tarifas sobre produtos e restrições a autoridades. A pressão americana, no entanto, acendeu o alerta no governo brasileiro, que vê nas ações uma tentativa explícita de minar uma das políticas públicas mais populares da última década.