Entre o sabor que engrandece e o descaso que envergonha

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08 de novembro de 2025
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Por Sammy Chagas 

A sexta-feira à noite me apresentou dois mundos completamente diferentes dentro da gastronomia de Teixeira de Freitas. Um deles vibrou profissionalismo, alegria e entrega. O outro me fez refletir sobre como alguns espaços da cidade, que já foram referência, simplesmente não acompanharam a evolução de tudo ao redor.


O sabor que representa Teixeira de Freitas

Comecei a noite na Cozinha Show da 12ª edição do Festival Gastronômico Sabores de Teixeira. O evento, sempre realizado de quarta a domingo ao lado do Shopping Teixeira Mall, é hoje um dos maiores cartões de visita da nossa cidade.

A equipe da House 190 foi a anfitriã da noite. Contaram sua história de empreendedorismo e apresentaram o tradicional choripán, prato argentino executado com técnica, sabor e carisma. Tudo dentro da temática sabores da América Latina, que marcou essa edição do festival.

A estrutura, o clima, a organização e, principalmente, o cuidado dos profissionais mostraram o que é gastronomia de verdade. Conversei, dias atrás, com um chef que acompanha o festival, e ele disse algo certeiro:
“Um prato não é só um prato. É higiene, é atendimento, é ambiente, é energia, é respeito ao cliente.”

E foi exatamente isso que vi na Cozinha Show. Harmonização entre sabor, atendimento e ambiente. Saí dali feliz, motivado e com a certeza de que Teixeira de Freitas está vivendo um momento gastronômico único, de excelência.


O sabor que não existe mais: o declínio de um espaço que já foi referência

Depois dessa experiência exemplar, segui para uma praça de alimentação próxima. Um lugar que, anos atrás, foi ponto de encontro, referência de boa comida e símbolo da vida noturna da cidade. Hoje, infelizmente, o cenário é outro.

Fui mal atendido do início ao fim — e não por falta de aviso. Reclamei várias vezes. Reclamei porque não trouxeram guardanapo. Reclamei porque não trouxeram garfo. Reclamei porque não trouxeram palito. Reclamei do atraso. Reclamei da falta de atenção. E o máximo que recebi foi um sorrisinho de quem parece não estar nem aí para o cliente.

Pedi uma porção de isca de peixe com fritas, ao custo de R$ 80.
A sensação?
Parecia que eu estava comendo sal grosso.
De tão salgado, era praticamente impossível aproveitar o sabor. A batata estava fria e murcha. A porção, minúscula — parecia degustação. Nada condizia com o preço nem com o mínimo esperado.

Para completar, comprei uma garrafa de vinho. Paguei. Esperei. E nada. Quando foram me servir, trouxeram um vinho diferente do que comprei. Até hoje não sei se venderam a única garrafa que tinham ou se esqueceram completamente do pedido.

É triste dizer isso, mas é verdade:
aquele espaço regrediu, enquanto Teixeira de Freitas evoluiu.

Hoje, nossa cidade coleciona excelentes restaurantes, bares, lanchonetes e hamburguerias que entregam atendimento de primeira e pratos bem elaborados. A praça de alimentação, que um dia foi referência, deveria se espelhar nesses exemplos para voltar a ser o que já representou.


A lição da noite

A Cozinha Show me mostrou o que Teixeira de Freitas é capaz de oferecer quando há preparo, treinamento e respeito ao cliente. Já a praça de alimentação me lembrou o que acontece quando um estabelecimento acredita que o cliente vai aceitar qualquer coisa.

Clientes não são números. Não são obstáculos. Não são incômodos.
Clientes são pessoas. E pessoas merecem respeito.

Enquanto o Festival Gastronômico eleva o nome da cidade, alguns pontos comerciais seguem parados no tempo — e, pior, andando para trás.

Eu saí feliz da Cozinha Show.
Mas saí decepcionado daquele outro espaço.

E, sinceramente, dificilmente volto lá.

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