Entenda por que o coelho virou símbolo da Páscoa mesmo sem botar ovos

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24 de março de 2025
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Por que ovos e coelhos se misturam com chocolate na Páscoa? A origem da tradição tem raízes religiosas, culturais e até comerciais.

Com a chegada da Semana Santa, uma cena se repete nos mercados e vitrines: ovos de chocolate enfeitam prateleiras e coelhos decoram embalagens e lares. Mas afinal, o que tem a ver coelho com ovo? E o que o chocolate tem a ver com a Páscoa? A resposta envolve uma mistura de símbolos pagãos, tradições cristãs e estratégias do mercado moderno.

O ovo como símbolo de vida nova

A tradição de presentear com ovos na Páscoa vem de tempos muito antigos. O ovo é símbolo universal de nascimento, renovação e fertilidade, sendo usado em rituais muito antes do Cristianismo. Com o tempo, a Igreja incorporou o símbolo como representação da ressurreição de Cristo — o renascimento espiritual.

Na Europa medieval, durante a Quaresma (os 40 dias antes da Páscoa), era proibido consumir carne e laticínios, incluindo ovos. Para não desperdiçar os ovos acumulados, eles eram cozidos e depois decorados para serem presenteados no domingo de Páscoa.

O coelho e a fertilidade

O coelho entrou nessa história como um símbolo pagão da fertilidade e da primavera. Popularmente associado à abundância de reprodução, o animal passou a representar o início de um novo ciclo de vida, ligado ao renascimento. O símbolo foi absorvido na cultura europeia, especialmente entre povos germânicos, e chegou aos Estados Unidos com os imigrantes alemães.

Segundo essas tradições, o “coelho da Páscoa” escondia ovos coloridos para as crianças encontrarem — prática que deu origem à famosa caça aos ovos.

E o chocolate? Culpa do comércio…

A substituição dos ovos reais pelos ovos de chocolate começou no século XIX, na França e na Alemanha, com o avanço da indústria do cacau. Inicialmente feitos de chocolate amargo e moldados à mão, os ovos foram ganhando versões recheadas, embalagens luxuosas e grande apelo comercial.

Hoje, a Páscoa é a segunda data mais lucrativa para o setor de chocolates, perdendo apenas para o Natal. No Brasil, por exemplo, a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates (Abicab) estima que mais de 8 mil toneladas de chocolate sejam produzidas para a Páscoa todos os anos.

Coelho, ovo e chocolate: uma mistura simbólica e comercial

Apesar da incoerência biológica — afinal, coelhos não botam ovos —, a união dos três elementos virou tradição. O ovo representa a vida; o coelho, a fertilidade; e o chocolate, o presente que agrada a todas as idades. É um caso clássico de como rituais antigos, religião e mercado se unem para criar símbolos que sobrevivem ao tempo.

 

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