Dia do Professor – À Dona Maria do Cabo Raimundo, com gratidão eterna — a professora que me ensinou a ler o mundo
-
15 de outubro de 2025

Hoje, 15 de outubro, Dia do Professor, as homenagens se multiplicam em todo o país. Mas, para mim, nenhuma é mais justa, mais sentida e mais viva do que a que dedico àquela que me ensinou as primeiras letras, que me mostrou o caminho das palavras e me apresentou o poder transformador da educação: Dona Maria, conhecida em Teixeira de Freitas como Dona Maria do Cabo Raimundo, da saudosa Escola Educandário Castro Alves.
Lembro-me como se fosse hoje: eu, menino, com o lápis entre os dedos, a mão dela sobre a minha, ensinando-me a escrever a letra “A”. Um gesto simples, mas que mudou toda a minha história. Sob sua orientação, aprendi não apenas a ler e a escrever — aprendi a respeitar, a persistir, a ter caráter. Foi ali, entre o cheiro do giz e o som das carteiras de madeira, que descobri o valor do saber.
Naquele tempo, tínhamos o caderno de caligrafia, o ditado, o copiar do quadro, e a temida palmatória. Mas nada disso era castigo — era lição. A régua e a palmatória simbolizavam a disciplina, o esforço e a responsabilidade de aprender. E havia um ritual que nunca esqueci: o dia da lição, quando sentávamos ao lado da professora para ler o texto escolhido, palavra por palavra, até o aprendizado se firmar. E como eu gostava de soletrar! Aquela cantiga das letras que se juntavam para formar o sentido do mundo.
Mais do que ensinar o abecedário, Dona Maria me ensinou a ser gente. Ensinou dignidade, respeito, honestidade — valores que não constavam no quadro, mas eram transmitidos no olhar, no tom de voz, na firmeza das mãos. Ela foi uma das primeiras professoras de Teixeira de Freitas, uma verdadeira pioneira, quando a cidade ainda dava seus primeiros passos. E, com o giz nas mãos, ela ajudava a construir o futuro.
Hoje, ao lembrar dela, recordo também as palavras do mestre Paulo Freire, que dizia:
“Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. A educação muda as pessoas, e as pessoas mudam o mundo.”
E foi isso que Dona Maria fez — mudou pessoas. Mudou a mim. Mudou gerações. Foi uma agente transformadora, uma guerreira da lousa, que plantou sementes de conhecimento e colheu cidadãos.
Neste Dia do Professor, minha homenagem se estende a todos os educadores que, como Dona Maria, seguem acreditando que cada letra escrita é um ato de esperança. Que cada aluno é uma possibilidade de futuro. Que cada sala de aula é um território de transformação.
Porque, se hoje sou jornalista, é porque um dia uma professora segurou minha mão e me ensinou a escrever.
E essa, sem dúvida, foi a lição mais importante da minha vida.