
Como bandidos usam Uber para sequestrar vítimas; casos recentes acendem alerta na capital
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01 de dezembro de 2023Casos recentes de sequestros praticados por criminosos que se passam por motoristas de aplicativo chamaram atenção em Salvador. Num intervalo de dez dias, dois homens foram presos suspeitos de roubar passageiros, principalmente mulheres.
Um deles fez pelo menos cinco vítimas e causou um prejuízo de R$ 50 mil. Em uma das investidas, uma mulher precisou pular do carro em movimento para evitar um estupro por parte do condutor. A Polícia Civil investiga os crimes.
Apesar das tantas ferramentas de segurança, os bandidos se aproveitam das plataformas para abordar vítimas.
Em entrevista ao portal UOL, a delegada Maritta Souza, que investiga um dos casos, deu detalhes de como eles agem.
De acordo com ela, o criminoso cancela a viagem assim que a vítima entra no carro, mostra a arma e anuncia o assalto ou sequestro. Em seguida, explica a delegada, as obriga a fazer transferências bancárias, sob ameaças de morte e de estupro. Depois, o criminoso deixa a vítima em uma via qualquer, sem pertences e incomunicável.
“Há duas situações: quando o bandido rouba o celular do motorista e se passa por ele – mas isso é por poucos minutos – e, a mais comum, criminosos que compram contas falsas. Você acha facilmente para comprar no Facebook. Eles utilizam esse tipo de conta porque não registram seus dados reais. Uma empresa de tecnologia permitir que algo desse tipo aconteça é o fim dos tempos, mas acontece”, afirma Maritta.
Cássio Thyone, conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, disse ao UOL que esse tipo de crime se tornou muito comum porque empresas como a Uber ampliaram o acesso à profissão de motorista profissional. Hoje, existem mais motoristas de aplicativo do que de táxi durante o auge do serviço. Para Thyone, boa parte desses sequestros e assaltos acontece com apoio de outro crime, como o uso de documentos falsos para se cadastrar na plataforma.
É possível se precaver, diz especialista
Apesar dos riscos, o especialista em segurança pública explicou à publicação que existem formas de reduzir o risco. E diz que o primeiro passo é conhecer bem a plataforma que estiver utilizando e orientar os usuários idosos ou adolescentes sobre as ferramentas existentes.
“É importante escolher motoristas mais bem avaliados e sempre conferir se a pessoa que se apresenta é a da foto. Depois, é preciso saber usar todas as ferramentas disponíveis, como compartilhamento de corrida com um familiar, gravar o áudio da viagem e o famoso botão do pânico, que aciona a polícia”, orienta.