Cloroquina: os riscos cardíacos que podem afetar quem usou o medicamento na pandemia

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09 de setembro de 2025
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Durante a pandemia da COVID-19, a cloroquina e a hidroxicloroquina ganharam espaço no debate público como possíveis tratamentos contra a doença. No entanto, estudos clínicos comprovaram a ineficácia desses fármacos no combate ao coronavírus, ao mesmo tempo em que alertaram para os graves riscos à saúde, especialmente para o coração.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), o uso da cloroquina pode provocar alterações elétricas no coração, aumentando a chance de arritmias graves e até de parada cardíaca. O efeito mais comum é o prolongamento do intervalo QT, identificado em exames de eletrocardiograma. Essa alteração pode desencadear a chamada torsade de pointes, uma arritmia potencialmente fatal (SBC, 2020).

Além disso, pacientes que utilizaram a substância — sobretudo em associação com outros medicamentos, como a azitromicina — ficaram ainda mais expostos ao risco de complicações cardíacas, como taquicardia ventricular, fibrilação ventricular e bloqueios atrioventriculares. Em tratamentos prolongados, a cloroquina também pode levar a uma miocardiopatia induzida por fármaco, evoluindo para insuficiência cardíaca, como alertou a Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos (FDA, 2020).

Muitos brasileiros receberam ou adquiriram o medicamento durante o auge da pandemia, muitas vezes sem acompanhamento médico adequado. Hoje, parte dessa população pode estar sofrendo com sequelas silenciosas no sistema cardiovascular, sem relacionar diretamente os sintomas ao uso do fármaco. Sintomas como palpitações, falta de ar, tonturas e desmaios devem ser investigados com urgência por um cardiologista.

O Ministério da Saúde também reforça que a cloroquina não tem eficácia contra a COVID-19 e que seu uso deve se restringir apenas às doenças para as quais já foi comprovada eficácia, como malária, lúpus e artrite reumatoide, sempre com acompanhamento profissional rigoroso (Ministério da Saúde, 2021).

O alerta é claro: quem utilizou cloroquina durante a pandemia e apresenta sintomas cardíacos deve buscar avaliação médica. A prevenção e o diagnóstico precoce podem evitar complicações graves.


Fontes:

  • Sociedade Brasileira de Cardiologia – Nota de Posicionamento (2020): Portal SBC
  • Food and Drug Administration (FDA) – Safety Communication (2020): FDA
  • Ministério da Saúde – Orientações oficiais sobre COVID-19: Governo Federal

 

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