BR-101 ENTRE ITAMARAJU, TEIXEIRA E ITABELA VOLTA A REGISTRAR TOMBAMENTO DE CAMINHÃO DE GADO, COM SAQUE DE CARGA E SUSPEITAS SOBRE AS CAUSAS

O trecho da BR-101 que liga Itamaraju a Teixeira de Freitas e Itabela voltou a ser palco de mais um acidente envolvendo caminhão boiadeiro. O caso, registrado recentemente, repete um padrão que começa a preocupar autoridades e moradores: tombamento do veículo, animais mortos ou feridos e, logo em seguida, uma multidão se formando para saquear a carga.

Não se trata de uma sequência de acidentes ao longo de meses, mas de episódios que, mesmo isolados no tempo, apresentam características idênticas — o que reforça a necessidade urgente de investigação técnica sobre o que realmente está provocando esses tombamentos.

Tombamento seguido de saque: padrão que se repete

Assim como ocorreu em situações anteriores, o novo acidente foi rapidamente acompanhado por cenas de saque. Em poucos minutos, dezenas de pessoas invadiram a área, abatendo animais ainda vivos, cortando carne na pista e levando a carga de forma totalmente ilegal. A ação, além de criminosa, representa risco sanitário e expõe um cenário degradante às margens da rodovia.

O comportamento de quem participa desse tipo de ação é enquadrado no artigo 155 do Código Penal como furto, podendo ser qualificado por ocorrer em situação de acidente ou calamidade. As imagens feitas nesses episódios podem servir como prova para responsabilização criminal dos envolvidos.

A hipocrisia social: apontam o dedo para a política, mas violam a lei na primeira oportunidade

Muitos dos que criticam políticos e autoridades por corrupção não hesitam em cometer crime quando se deparam com um caminhão tombado. Esse contraste revela um problema estrutural: a ética pública não pode existir sem a ética individual. O saque de carga transforma vítimas em autores de ilícito e alimenta a sensação de impunidade.

É preciso investigar: acidente ou algo mais?

O que intriga é que, mesmo sem uma série extensa de ocorrências, os acidentes que acontecem apresentam o mesmo padrão, no mesmo tipo de carga e no mesmo trecho da rodovia. Para esclarecer a origem desses episódios, é indispensável que a PRF, a Polícia Civil e a perícia produzam laudos completos, indicando:

• Se houve falha humana;
• Se existiu excesso de carga;
• Se o caminhão apresentava falha mecânica;
• Se o traçado da pista ou suas condições favoreceram o tombamento;
• Se algum fator externo — como derramamento de óleo, obstáculo, buraco ou pista escorregadia — contribuiu para o acidente.

Essas respostas são essenciais para evitar conclusões precipitadas e permitir que autoridades adotem medidas eficazes para prevenir novos episódios.

Fiscalização e responsabilização

Para reduzir riscos e evitar que a BR-101 se torne cenário habitual de saques, algumas medidas são necessárias:

• Fiscalização reforçada de veículos que transportam animais vivos;
• Monitoramento dos pontos críticos da rodovia;
• Investigação conclusiva de cada acidente;
• Identificação e responsabilização dos saqueadores.

O Extremo Sul da Bahia precisa de respostas e de atitudes firmes. Não é aceitável que tragédias se repitam com os mesmos sinais de alerta, sem que haja apuração rigorosa. Investigar as causas e enfrentar o crime de saque é um passo fundamental para garantir segurança, transparência e respeito à lei.