ACM Neto perde o comando do jogo na Bahia e corre risco de isolamento político
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15 de outubro de 2025
Mesmo empurrando sua tropa para pressionar o governo federal a tomar partido, ACM Neto parece estar ficando sem fôlego. Aliados próximos pouco ou nada se movem — e muitos seguem firmes no governo Lula, ignorando as tentativas de imposição do ex-prefeito. A realidade que se avizinha: o herdeiro do carlismo pode ficar isolado dentro do próprio partido e fora da aliança nacional.
Aliados “desobedecem”
Enquanto ACM Neto pressiona lideranças e parlamentares baianos a romper vínculos com ministros e secretarias federais, alguns aliados resistem. A articulação que ele tenta impor esbarra na realidade de quem já está instalado em cargos e não quer sair do poder.
Esses atores preferem conservar posições estratégicas no governo federal a embarcar numa tentativa arriscada de beligerância partidária — ainda mais quando o governo Lula tem recursos e apelo eleitoral para manter alianças coesas.
O que se observa nos bastidores afiados: muitos que hoje omitem reação publicamente já não levam mais a voz de Neto como autoridade inconteste. Há quem avalie os riscos de retribuição política e eleitoral caso se desloquem para o campo antagonista sem garantias consolidadas.
Fragilidade interna no União Brasil
Dentro do União Brasil baiano, cresce um sinal de alerta silencioso: Neto, apesar de vice-presidente nacional, não consegue impor uma direção unificada. O partido, quando consulta lideranças locais, não arrefece. A tecla de “obedecer a ordem partidária” já não ecoa com o peso de antes.
A federação partidária com o PP, anunciada como grande conquista, ainda não traduziu em lealdade plena dos quadros baianos. Em muitos casos, os dirigentes regionais tomam decisões autônomas, inclusive mantendo compromissos com o governo Lula nas suas bases locais. Essa dispersão fragiliza o comando central de Neto e lança interrogações sobre sua capacidade de coordenação eleitoral em 2026.
O risco do isolamento eleitoral
Se o ex-prefeito de Salvador insistir na via conflituosa sem buscar reorientação estratégica, arrisca-se a agravar sua já delicada posição eleitoral:
- Perda de aliados-chave — Quem hoje poupa críticas pode migrar para outras lideranças com poder real no estado.
- Reação institucional — Partidos locais e vereadores que dependem de verbas federais tendem a buscar meios de blindagem contra retaliações.
- Imagem de cobaia política — Ele corre o risco de ser visto como alguém que aposta tudo no confronto, sem freios nem tração partidária para sustentar a embestida.
A balança pendendo para Lula
Ironia suprema: ao tentar forçar o alinhamento anti-Lula na Bahia, Neto fortalece justamente o discurso governista. Se aliados se mantêm com Lula, ele dá legitimidade à estratégia de manutenção de base ampla. Essa manobra deixa o ex-prefeito menor, forçado a explicações sobre isolamento e fracasso de liderança.
Se continuar insistindo sozinho, ACM Neto poderá ver a força política que herdou de seu avô — o lendário carlismo — se diluir aos poucos. E, no cenário mais dramático, permanecer como figura apenas simbólica, sem musculatura real para comandar nem mobilizar.