A ÚLTIMA PONTE DE FRANCISCO: SUA MORTE COMO CAMINHO PARA A PAZ

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26 de abril de 2025
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Por Sammy Chagas

No coração do Vaticano, sob o olhar comovido do mundo, a morte do Papa Francisco ressoa como uma mensagem silenciosa, mas profundamente eloquente: a construção da paz é o último milagre de sua vida.

Francisco, em tantas de suas homilias, exortava a humanidade a “construir pontes, e não muros”. Sua fala, sempre simples e desarmada, refletia a urgência de reconciliar povos, derrubar ódios e semear a paz onde só havia feridas. Hoje, ironicamente e de maneira quase divina, é o seu próprio madeiro — o caixão que guarda seu corpo — que se torna símbolo da ponte mais importante que ele construiu: a ponte da paz.

Em uma Praça São Pedro abarrotada de fiéis, emoldurada pela dor e pela esperança, líderes de todas as partes do mundo — inclusive de nações marcadas por conflitos, como Israel, Palestina, Rússia e Ucrânia — se reúnem não apenas para render homenagens, mas talvez, sem perceberem, para atravessar a ponte que Francisco deixou construída com seu sacrifício final.

A morte do Papa Francisco, ao contrário do que se imagina, não é apenas o fim de um pontificado. Ela é, simbolicamente, o início de uma nova possibilidade para a paz mundial. O madeiro de seu caixão — simples, austero e forte como ele — parece convidar o mundo a abandonar seus muros de intolerância e caminhar juntos para um novo horizonte.

Francisco não pregava apenas o Evangelho com palavras; ele viveu o Evangelho. Foi o Papa da misericórdia, dos pobres, da natureza, dos migrantes, da dignidade humana. Suas homilias sobre o amor, a reconciliação e o diálogo ganharam eco planetário, rompendo fronteiras religiosas e ideológicas. E agora, seu último gesto — a sua partida — acontece diante de um mundo ferido, oferecendo uma oportunidade rara e providencial para a reconciliação.

Não é coincidência que tantas autoridades, até mesmo rivais históricos, estejam lado a lado nesse funeral. É um chamado silencioso à humanidade: Francisco estendeu sua última ponte; resta agora que os líderes do mundo tenham a coragem de atravessá-la.

Talvez nunca tenhamos visto tão claramente o contraste entre morte e vida, entre fim e recomeço, entre o luto e a esperança. A morte do Papa Francisco não enterra um homem, edifica um caminho.

Que essa ponte de madeira, simples como o carpinteiro de Nazaré que ele tanto amou e seguiu, seja realmente o novo caminho da paz. O mundo, tão cansado de guerras, clama por isso.
E Francisco, com sua última e mais bela homilia silenciosa, oferece essa ponte a todos nós.

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