A Fome bateu na minha porta

O título desse texto é meio assustador,mas é uma realidade testemunhal a respeito de um fenômeno social negativo, chamado “fome”, que não quer dizer ficar sem comer e sim não ter o que comer.

É triste saber, que a fome voltou a atacar as famílias brasileiras.

Quando ela bate na sua porta como bateu na minha porta, e com a graça de Deus não entrou, e rezo para que não entre, a estatística chama esse anúncio de temporal social, de insegurança alimentar, onde precisamos fazer escolhas para não faltar o que comer, ou cortar alguns privilégios da mesa ou cortar alguma refeição.

Mas como isso é possível, nobre Jornalista? Provavelmente você deve está fazendo essa pergunta.

Os preços em alta, os compromissos cada vez mais latentes, o poder de compra cada vez mais achatado, uma rede de endividamento compartilhada que se transforma em um efeito dominó, e quando você menos espera, olha você lá.

Não venha me dizer que quem passa fome, é porque não gosta de trabalhar, talvez quem diz isso nunca passou fome, pode ter ficado sem comer, mas a fome, como já disse anteriormente, é não ter o que comer, e esse não ter o que comer é doloroso, porque se tem o que comer, mas esse direito lhe é negado, por uma série de fatores.

O poder da fome em um indivíduo é devastador, a primeira coisa que ela provoca, e tirar a esperança, depois lhe deixa descepcionado, o sentimento e de invisibilidade diante da sociedade, porque a sensação é que as portas se fecham, ficamos impotentes, incapazes, podemos comparar a um câncer, que chega na sua vida e vai se espalhando lhe tirando todas as suas vitalidades até você morrer.

Quando ela bate na sua porta, você reflete, chora, fica com medo, grita mas poucos escutam, corre o risco de tomar decisões desastrosas.

Atualmente, o quadro de insegurança alimentar diz respeito ao indivíduo que não possui acesso físico, econômico e social a alimentos saudáveis e de qualidade para fazer todas as refeições necessárias. Atualmente, apenas 41,3% dos brasileiros se encontram em situação de segurança alimentar — ou seja, possuem acesso regular e permanente a uma dieta saudável, com mesa farta e geladeira cheia.

Quando a fome entra na sua vida, é porque tudo já foi destruído, todos seus direitos já foram arrancados, a fome é o estágio final, onde a única coisa que lhe resta é a morte. É o maior câncer social. Porque gera um efeito desesperador, onde olha-se ao redor, nos outdoor, e se vê tanta comida que lhe é inalcançável.

É como um viciado que sabe dos efeitos nocivos da droga, mas não consegue sair sozinho. A Fome é assim,  não basta só um prato de comida, porque o outro dia vem, e como já falamos aqui nesse texto, ela já destruiu tudo, até a família. O processo de reconstrução não é fácil.

Em reportagem recentemente e um tele jornal, não pude segurar as lágrima, em duas situações. ” O médico disse a Dona Maria, que ela estava com anemia profunda e que precisava se alimentar. E prontamente ela respondeu com uma pergunta muito forte, ” Como faz isso?

Derrepente eu outro caso o repórter se cala, ao dizer para o entrevistado que ele estava fraco e magro, se ele sabia o que precisava fazer , para voltar a ter saúde. Ele disse ao repórter, ” eu não sei o que fazer, você sabe? O repórter não conseguiu responder. Ele precisava comer.

Em junho de 2022, a pesquisa VIGISAN (Inquérito Nacional Sobre Segurança Alimentar no Contexto da Pandemia Covid-19 no Brasil) mostrou que mais da metade da população brasileira se encontra em situação de insegurança alimentar. O mesmo estudo chocou ainda mais ao apontar que 33,1 milhões de brasileiros estão passando fome em 2022.

Bom, não vou me alongar, porque serão parágrafos, mais parágrafos, tentando decifrar esse câncer social, capaz de arruinar uma nação, onde o prato de comida é paliativo, porém precisamos de uma dose quimioterapica social muito  forte para combater esse câncer, que voltou a bater nas portas dos brasileiros.

Na minha já bateu.

O milagre não vem do céu, alimento e todos os remédios, nós temos.

”Dai-lhes, vós mesmos de comer”, disse Jesus.