
“A CADEIA DO CAFÉ CONILON MOVIMENTA UMA ECONOMIA QUE TRANSFORMA VIDAS”, DIZ JEAN SHINOZAKI
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30 de abril de 2025Em entrevista, gestor da Bahia Coffe fala sobre os impactos bilionários da safra 2025 no sul da Bahia
Com uma expectativa de colheita de 4,2 milhões de sacas e uma movimentação econômica próxima a R$ 7 bilhões, a safra 2025 do café conilon marca um novo capítulo no desenvolvimento do extremo sul da Bahia. Em entrevista ao portal, Jean Shinozaki, gestor da Bahia Coffe e um dos idealizadores da abertura oficial da safra realizada neste sábado (26), em Teixeira de Freitas, destacou a força da cadeia produtiva e sua importância para o desenvolvimento regional.
Confira a entrevista completa:
Portal: Jean, a safra 2025 do café conilon já chega com números grandiosos. Qual é a dimensão real dessa cadeia produtiva para o sul da Bahia?
Jean Shinozaki: Hoje, o sul da Bahia possui cerca de 75 mil hectares plantados com café conilon. Essa área gera uma expectativa de colheita de 4,2 milhões de sacas em 2025. Estamos falando de uma movimentação financeira estimada em quase R$ 7 bilhões, envolvendo milhares de produtores e famílias. Mas o mais importante é que o café conilon vai além da lavoura. Ele move uma verdadeira engrenagem econômica que envolve transporte, irrigação, logística, máquinas, cooperativas, exportação, comércio, banco, financiamento, assistência técnica… É uma cadeia completa.
Portal: E quanto ao impacto social dessa atividade? A geração de empregos também é expressiva?
Jean: Sem dúvida. A média de empregabilidade é de 1,5 trabalhadores por hectare, o que representa mais de 112 mil empregos diretos apenas na área produtiva. E se somarmos os empregos indiretos gerados nas áreas de apoio, como transporte, armazenamento, vendas, prestação de serviços, entre outros, esse número dobra facilmente. Isso mantém o trabalhador no campo, reduz o êxodo rural e movimenta as cidades.
Portal: A Bahia Coffe tem sede em Teixeira de Freitas. Qual é o papel da cidade nesse cenário?
Jean: Teixeira de Freitas é hoje o coração da cafeicultura no extremo sul. É daqui que sai boa parte do café para o mercado interno e externo. A Bahia Coffe, por exemplo, está habilitada para exportar para 52 países, o que projeta o nome da cidade para o mundo. A localização estratégica, próxima ao Espírito Santo e com acesso logístico facilitado, permite que a cidade atue como polo comercial e de distribuição de insumos e tecnologias agrícolas.
Portal: Você mencionou que essa cadeia supera outras em impacto. Poderia explicar?
Jean: Sim. O café conilon é uma cultura altamente rentável, que movimenta grandes volumes de dinheiro e emprega muita gente. Quando comparamos com outras cadeias do agronegócio, como o leite ou a fruticultura, por exemplo, percebemos que o café conilon tem uma capacidade de agregar valor mais ampla — especialmente quando há beneficiamento e exportação. É uma cadeia que começa no campo, mas que termina nas prateleiras de supermercados da Europa, dos Estados Unidos e da Ásia.
Portal: E quais são os desafios e oportunidades daqui pra frente?
Jean: O principal desafio é manter a produtividade e a qualidade, investindo em tecnologia, irrigação e assistência técnica. Mas as oportunidades são enormes. O mundo está consumindo mais café e busca cada vez mais qualidade. A Bahia já é referência nesse sentido. Com apoio institucional, políticas públicas e união dos produtores, podemos ampliar ainda mais nossa participação no mercado internacional e melhorar a vida de quem vive da terra.
Portal: Para finalizar, que mensagem você deixa aos produtores e à sociedade?
Jean: O café conilon é mais do que uma lavoura: é uma força que sustenta a economia, que dá dignidade e que movimenta cidades inteiras. Quem consome café no dia a dia talvez não imagine a quantidade de pessoas que trabalham para esse grão chegar à xícara. Então, valorizar essa cadeia é valorizar o produtor, o trabalhador rural, o caminhoneiro, o técnico, o empresário. E é também reconhecer o papel do café no desenvolvimento do nosso estado.